viajar

hoje em dia há a febre das viagens. possivelmente por uma combinação de factores que facilitam, e muito, o acesso às mesmas. acredito que há uns anos atrás o processo de compra de viagens fosse bastante mais complicado, mais caro e portanto inacessível à maioria dos comuns mortais. 
hoje em dia é fácil, é muito mais acessível, há muito mais informação, e portanto, viaja-se com fartura para os quatro cantos do mundo, mais houvessem. 

basta ir a blogs de viagens, basta ir às redes sociais, e deparamo-nos com aquelas pessoas que parecem estar sempre a viajar. é certo que não estão, é certo que o que vemos é o que nos querem mostrar e, portanto, a realidade é sempre um bocadinho diferente. surge dentro de mim uma inveja, uma inveja boa - quem me dera estar de férias, quem me dera estar ali, que sorte tem em estar ali - e depois surgem outras questões - como é que consegue ter tantas férias? não falo em relação ao dinheiro, porque é fácil fazer contas à vida dos outros, e se vão é porque podem e ponto final. falo mesmo em relação a férias, ter o tempo e a disponibilidade para isso. 

pensando na minha situação e imaginando-a como a situação de muitas pessoas nos seus 20 e muitos/ 30 anos, acredito que os recibos verdes sejam a realidade de muitos. ora, trabalha-se a recibos verdes, uns hão-de receber bem, outros assim-assim, outros uma miséria, mas todos são sujeitos a descontos sem fim. portanto a conta bancária ao final do mês fica contente por meia dúzia de dias e logo passa a descontente. mas, lá está, a questão do dinheiro é relativa porque depende muito do enquadramento de cada um. 
agora, e tirar férias? uma pessoa tira férias e não recebe. serei só eu que tenho medo de quando voltar das férias não ter trabalho? porque isto pode acontecer, ou melhor, isto acontece. como se gere isto? como se consegue "ignorar" a instabilidade? já tive alguns anos sem férias, por necessidade, e também por opção - porque o medo de voltar para o vazio assusta. 


o meu éden platónico requer dias de férias sem fim. não deixar de trabalhar, porque não queria, mas dias de férias sem fim, sem riscos, sem medos. só férias.

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